Mutirão de Limpeza - Morro de São Carlos

     Rede Globo Mobiliza Morro de São  Carlos em Mutirão de Limpeza : Rio Mais Limpo 

    Nesse sábado, dia 14 de  abril de 2012, a Rede Globo , juntamente com a CUFA, Central Única das Favelas, Prefeitura da cidade do Rio de  Janeiro, COMLURB (Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro), Fuzileiros Navais e os moradores da favela do São Carlos realizaram o Mutirão de Limpeza do Morro de São Carlos, dentro do projeto Rio Mais Limpo, lançado pela emissora.  

                                            Foram retiradas 50 toneladas de lixo. 

   Segundo alguns moradores foi a primeira vez que a COMLURB retirou lixo do alto da favela. Portanto, essa ação simboliza o início de um novo tempo para essa gente. As crianças poderem participar de algo tão básico e importante para suas vidas : a limpeza ! O estado do Rio de Janeiro precisa limpar cada cantinho, os rios, bueiros, florestas, trilhas, encostas, ruas, bairros, até atingir a limpeza do comportamento de todos  nós, fazendo com que nos unamos para construir nossa própria qualidade social, para que juntos mantenhamos serviços públicos de qualidade e limpos da corrupção. 

    O Morro de São Carlos fica pertinho da sede da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, no  Estácio, e é a mais antiga favela da cidade Maravilhosa, berço do samba, onde em 1927 surgiu a primeira Escola de Samba , da cidade do Rio de Janeiro, a Deixa Falar. Foi lá no  São Carlos que morou o compositor da marchinha Cidade Maravilhosa, o André  Filho.

    Se somos capazes de nos unir no carnaval e na Copa  do Mundo, deixando intrigas e fofocas com os vizinhos  de lado, seremos capazes de nos unir em mutirões de limpeza, todos os dias do ano, para que  nosso estado possa cumprir seu verdadeiro potencial turístico. 

    As grandes mudanças não precisam ter início numa lei complicada ou difícil de ser aprovada, não precisam esperar até que recursos vultosos sejam alcançados, para daí então iniciar um trabalho de  despoluição, um projeto de recuperação ambiental, não mesmo. As grandes mudanças tem início na união ! No sentimento coletivo de realizar o próprio bem comum ! Quando cada cidadão desse nosso abençoado estado começar a pegar na vassoura e varrer, com certeza será o paraíso na terra! Depende de  nós !  Parabéns à Rede Globo pela iniciativa, e parabéns aos moradores do Morro de São Carlos por estarem dando início a um novo tempo ! 

Assoreamento : Dragagem : Rios

              A  Dragagem dos Rios Custa Caro e Dura Pouco ! 

     Estamos no século XXI e ainda insistimos em enfrentar os problemas de maneira emergencial, ou seja, continuamos gastando muito mais dinheiro remediando em vez de agir, rotineiramente, evitando que os problemas aconteçam. O assoreamento dos rios é sinônimo de bagunça generalizada, é sinônimo de que a rotina de coleta de lixo não consegue evitar que os  resíduos cheguem aos rios. E sabemos que a população, em geral, suja mesmo ! Jogam tudo no chão ! Jogam o lixo nos rios que vão sendo transformados  em valões. 

     O assoreamento dos rios é o transporte de materiais particulados, sedimentos, areias, e cada vez mais o lixo, pelas águas do rio, e das chuvas também, das partes mais altas para as mais baixas, até seu ponto de deságue em outro rio, ou lagoa, ou numa baía. Esse material transportado   causa o entupimento do rio.  A Baía de Guanabara  recebe as águas de uns cinquenta rios, que cada  vez mais vem repletos  de esgoto e lixo. Contribuem para o assoreamento a retirada de árvores, o desmatamento, nas nascentes e margens de rios. Sem as matas ciliares o rio perde proteção, fica completamente exposto ao assoreamento, e a fauna silvestre, caso exista, fica impedida de ir ao rio beber água.  

     Todo o  dia os prefeitos solicitam a dragagem dos rios, ao governo do estado, que é  realizada pelo INEA (Instituto do Ambiente, do  Estado do Rio de Janeiro) ou sob sua autorização. Os rios assoreados enchem com facilidade, e colocam a população em risco, como temos acompanhado em inúmeros e trágicos acontecimentos. 

    Observo que a dragagem de um rio tem efeitos muito curtos, talvez por conta do ciclo econômico que nosso Brasil passa, mas não temos um ciclo de  desenvolvimento social. A população empregada  (que bom que o nível de empregabilidade está batendo recordes) consome mais e gera-se mais lixo. As prefeituras parecem que não ampliam, não investem, mais em seus sistemas de limpeza, e a população não tem paciência, não tem educação, e joga tudo nos rios. Então, de novo lá vão os prefeitos  atrás do Governo do Estado pedir nova dragagem do rio. 

        

             ANTES  (30 de junho de 2011, BR 101,  Itaboraí / RJ, pouco antes do Guaximdiba)

                                 DEPOIS  (10 de abril de 2012, mesmo local )

                                 Em apenas nove meses o rio já está de novo assoreado ! 

      Na dragagem a máquina, ou draga,  tem que abrir espaço na margem do rio, destruindo as matas ciliares, e o bota-fora é depositado ali, mesmo, pertinho do leito do rio (veja foto abaixo,  Newton Almeida - dragagem do Rio Imboassu, dia 08 de março de 2012). O correto seria retirar o bota-fora, mas isso vem sendo raro, pois se torna mais oneroso. 

    Numa chuva intensa, fenômeno cada vez mais comum, o bota-fora (material que foi retirado do rio pela máquina) é conduzido de novo para dentro do rio, talvez não totalmente, mas em quantidade significativa.   Além disso, se um período de aquecimento  global está em curso,  como afirmam quase todos cientistas, a vegetação cresce mais rapidamente, contribuindo para assorear novamente o rio. Me  refiro à vegetação que cresce no leito do rio, dentro do rio, pois os regimes hídricos estão anormais, pela perda das nascentes e impermeabilização do solo, fazendo com a maior parte dos dias a vazão do rio seja um filete, e o capim e a vegetação rasteira crescem praticamente dentro do rio. Se as matas ciliares estivessem nas margens do rio, isso não  aconteceria, porque a sombra das árvores impediria o crescimento desse capim. 

      Temos que inovar ! Contratar trabalhadores braçais para dia a dia, chovendo ou fazendo sol, irem limpando suas margens, protegendo as matas ciliares e desassoreando os rios. Quanto dinheiro seria economizado evitando doenças como a dengue, quanto dinheiro seria investido no próprio município empregando pessoas que lá moram ! A areia retirada pode facilmente ser vendida para a construção civil ! 

     Trabalho semelhante funcionou em Itaboraí, quando o secretário  municipal do meio ambiente era o Roberto Salles, por volta de  2002, com a Cooperativa de Tiradores de Areia, a CETAÍTA. A cidade do  Rio de Janeiro tinha o Programa Guardiões de Rios, na COMLURB, que consistia na limpeza rotineira, desassoreando rios urbanos, mas isso acabou ! 

     

Incêndios : Rio de Janeiro - Linha Vermelha

   Em final de 2008 eu fui trabalhar na SERLA, a convite do Luiz Firmino que depois se tornou Sub-Secretário de Estado do Ambiente. Na época a intenção do Firmino era me colocar na chefia do Projeto Ecobarreiras, mas ele encontrou resistências e eu acabei participando da Limpeza do Rio Pavuna-Meriti, e depois em outras ações de educação ambiental .  Acabei só ficando por lá um ano. Eu gostaria de ter ficado mais tempo. O Firmino se tornou Presidente do INEA, quando o Carlos Minc deixou o Ministério do Meio Ambiente e retornou como Secretário Estadual do Ambiente. 

   Eu gosto de ver que a agenda ambiental foi muito fortalecida. Temos muitos problemas, mas estamos evoluindo. Criaram o INEA, unindo a SERLA, FEEMA e IEF, e todos, praticamente, foram trabalhar no prédio da Avenida Venezuela, com ótima estrutura e integração. Outras tantas vitórias se seguiram.  

    Uma das minhas primeiras tarefinhas, na SERLA, foi acompanhar o encerramento do Lixão da Rua Carlos Seidl, bem embaixo da Linha Vermelha, nesse ponto das fotos :

        Um certo  Sr. Assis conseguia que caminhões de coleta de lixo descarregassem num terreno baldio, embaixo da Linha Vermelha, à margem da Baía de Guanabara.  O lixo era  separado por  catadores, e o Sr, Assis faturava com seu "empreendimento" (veja mais em http://limpezariomeriti.blogspot.com.br/2011/02/lixoes-incendios-rio-de-janeiro.html).  Os caminhões de coleta de lixo deveriam descarregar no Aterro (Lixão) de  Gramacho, mas acabavam levando para a "reciclagem" do Sr. Assis, porque  ganhavam algum agrado, ou no mínimo economizavam combustível, descarregando bem antes do local apropriado.   Isso acontece em muitos locais na região metropolitana do Rio de Janeiro, e em diversas cidades do nosso estado, e do Brasil, e de certo que em outros  países do mundo. Bom, tudo ia bem para o Sr. Assis, até que queimaram o rejeito, lixo que ninguém se interessava em comprar, e foi um "fogaréu" embaixo da  Linha Vermelha, isso de dia. Um helicóptero  da Rede Globo foi ao local filmar, e não era a primeira vez que colocavam fogo naquela "reciclagem " , e interditaram o trânsito da Linha Vermelha, e a Secretária de Estado do Ambiente, Marilene Ramos, teve que conceder entrevista, e a SEA (Secretaria de Estado do Ambiente) foi ao local encerrar o lixão do Sr. Assis. 

    Depois eu (Newton Almeida) conheci um galpão de uma cooperativa de recicláveis , bem perto desse ponto onde estão queimando pneus, nas fotos. Num terreno que dizem pertencer à COMLURB. De vez em quando, costumam queimar algum material por lá, também. E quem passa pela Linha Vermelha sente um cheirinho de lixo, bem ao lado daquele posto da polícia, devido a esse galpão de reciclagem. 

     Hoje, dia 10 de abril, parece que eram pneus queimando, estava anoitecendo, mas a fumaça era bem negra e característica, me pareceu ser a queima de pneus, mas pode ser algum outro tipo de plástico ( aquelas bombonas pretas, quem sabe). De qualquer maneira, as chamas lançavam ao céu as famosas dioxinas e furanos, substâncias extremamente prejudiciais à saúde.

   O tempo vai passando e vamos evoluindo,  não é mesmo ? Lá em 2009 as chamas  da  "reciclagem " do Sr. Assis interditaram a Linha Vermelha, e hoje apenas foram capazes de chamar a atenção dos motoristas. Não veio helicóptero da Rede Globo, o fogo foi bem pequeno.

      Eu aproveitei para dar uma olhadinha na eco-barreira da Maré,  no Canal do Cunha com águas menos sujas ( devido ao importante Projeto de Dragagem do Canal do Fundão e construção da ponte estaiada) , e ao fundo o belo relevo do Maciço da Tijuca .