quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Degradação Ambiental e Sociedade

                           A Degradação Ambiental  É  Um Problema Social 

       Pesquisadores de diversos ramos do conhecimento têm estudado a degradação ambiental sob o ponto de vista da sua especialização. Alguns, no entanto, chamam atenção para o fato de que a degradação ambiental é, por definição, um problema social (Blaikie e Brookfield, 1987). 
       Certos processos ambientais, como lixiviação, erosão, movimentos de massa e cheias, podem ocorrer com ou sem a intervenção humana. Dessa forma, ao se caracterizar processos físicos, como degradação ambiental, deve-se levar em consideração critérios sociais que relacionam a terra com seu uso, ou pelo menos, com o potencial de diversos tipos de uso. 
      À medida que a degradação ambiental se acelera e se amplia espacialmente, numa determinada área que esteja sendo ocupada e explorada pelo homem, a sua produtividade tende a diminuir, a menos que o homem invista no sentido de recuperar essas áreas. 
     Existem regiões do planeta, em especial as áreas intertropicais, onde as sociedades mantém a alta produtividade através da ocupação de novas terras, à medida em que a degradação ambiental avança. Em outras regiões, é possível manter a produtividade elevada devido ao uso intensivo de fertilizantes e defensivos agrícolas. Dessa forma, poder-se-ia questionar que, nesses casos, não existiriam custos sociais nem econômicos da degradação. Mas, por outro lado, caso a degradação não ocorresse, as sociedades não precisariam utilizar novos recursos naturais, abandonando antigas terras, nem investir em produtos químicos, para manter os níveis de produtividade. 
     Como consequências negativas para o ambiente e para a sociedade, a partir do que foi exposto, ficam duas situações: na primeira, além do desmatamento para ocupação de novas terras, as áreas abandonadas dificilmente conseguirão se recuperar sozinhas, em termos da biodiversidade que possuíam, antes de serem exploradas; na segunda, fica sempre a possibilidade de ocorrer a poluição atmosférica, das águas superficiais, dos solos e do lençol freático, devido ao uso dos produtos químicos, além, é claro, da contaminação dos próprios alimentos produzidos. Em ambas as situações é preciso enfatizar que, além do custo social e ecológico, nos próprios locais onde a degradação ocorre, existem, também, os custos para pessoas e ambientes, que podem estar afastados das áreas atingidas, diretamente pela degradação. Isso pode se dar, por exemplo, pelo transporte de sedimentos, causando assoreamento de rios e reservatórios, ou mesmo a poluição de corpos líquidos. Problemas relacionados à erosão dos solos, deslizamentos, desertificação, inundações, extinção de fauna e flora, podem ocorrer nas áreas diretamente atingidas pela degradação ambiental, ou mesmo em áreas afastadas do foco principal dos desequilíbrios ecológicos. 
     Uma outra relação que se pode fazer entre degradação ambiental e a sociedade refere-se às situações extremas. Por exemplo, uma seca prolongada, quando ocorre em países que possuem problemas sérios de degradação ambiental, como desmatamento, redução de mananciais, erosão, assoreamento etc. (Sudão e Etiópia), a produção de alimentos e o abastecimento ficam ainda mais comprometidos, causando milhares de mortes, como assistimos alguns anos atrás. 
     Esses exemplos deveriam ser suficientes para enfatizar as relações existentes entre degradação ambiental e sociedade. Dessa forma, é possível reconhecer que degradação ambiental tem causas e consequências sociais, ou seja, o problema não é apenas físico. Com isso, pode-se concluir que existem fatores naturais que tornam as terras degradadas, entretanto, o descaso das autoridades e da iniciativa privada, em procurar resolver esses problemas, ou melhor ainda, em tentar evitá-los, através de medidas preventivas, é do campo das ciências ambientais e sociais. 
    O que se deseja chamar a atenção, através de todos esses exemplos e questões levantadas, é que os processos naturais, como formação dos solos, lixiviação, erosão, deslizamentos, modificação do regime hidrológico e da cobertura vegetal, entre outros, ocorrem nos ambientes naturais, mesmo sem a intervenção humana. No entanto, quando o homem desmata, planta, constrói, transforma o ambiente, esses processos, ditos naturais, tendem a ocorrer com intensidade muito mais violenta e, nesse caso, as consequências para a sociedade são quase sempre desastrosas. Um bom exemplo disso são os diversos deslizamentos que ocorreram em Petrópolis (RJ), em 1988, por ocasião dos fortes temporais, que causaram inúmeras mortes e destruição de ruas, casas e edifícios   e em fevereiro de 1996, na cidade do Rio de Janeiro. 
    Nas áreas rurais, os principais problemas causados pelo uso da terra, sem levar em conta os limites e riscos impostos pela natureza, têm provocado o desenvolvimento de processos erosivos acelerados, em várias partes do território nacional. 
    Nos países africanos, o desmatamento e o uso da terra, sem levar em conta seus limites, têm causado sérios problemas de erosão, assoreamento e desertificação, fazendo com que seja ainda mais difícil resolver o problema da fome. 
    Esses são apenas alguns exemplos das relações existentes entre degradação ambiental e sociedade. A desconsideração das causas sociais, nos problemas ambientais, tem levado, na maioria das vezes, a adoção de medidas, que não conseguem resolver os problemas da degradação.    

   Fonte :  GUERRA, Antônio José  Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista da . Geomorfologia e Meio Ambiente . Editora Bertrand Brasil . 5ª edição.  Rio de  Janeiro : 2004 . 

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

MEIO AMBIENTE

               O   Meio Ambiente 
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        A ciência natural aparece nos séculos XVI, XVII e, pela concepção positivista existente, a natureza sobrevivia por si mesma e totalmente desvinculada das atividades humanas. Era preciso que ela fosse apropriada  pela indústria (Casseti, 1991). Marx (1970)  lança a idéia do materialismo histórico, fazendo uma crítica à economia política clássica, onde apresenta uma alternativa unificada entre a ciência natural e social. Para o autor (in Casseti, 1991) " é através da transformação da primeira natureza em segunda natureza que o homem produz os recursos indispensáveis à sua existência, momento em que se naturaliza (a naturalização da sociedade) incorporando em seu dia a dia os recursos da natureza, ao mesmo tempo em que socializa a natureza (modificação das condições originais ou primitivas) " .    
       Ainda, para Marx (1970)  a natureza por si só é anterior à história humana. Tem início no pré-cambriano e nesse tempo histórico todas as alterações no ambiente foram consequências de causas naturais. No decorrer da história, com o aparecimento do homem no pleistoceno, com a evolução das forças produtivas, a natureza vai sendo apropriada e transformada. Assim, a história da natureza tem uma sequência onde, a partir de um determinado momento do pleistoceno, o homem é inserido nela, não havendo, para o autor, a concepção dualista da natureza. 
       Considera-se, então, como ambiente o espaço onde se desenvolve a vida vegetal e animal (inclusive o homem). O processo histórico de ocupação desse espaço, bem como suas transformações, em uma determinada época e sociedade, fazem com que esse meio ambiente tenha um caráter dinâmico. Dessa forma, o ambiente é alterado pelas atividades humanas  e o grau de alteração de um espaço, em relação a outro, é avaliado pelos seus diferentes estágios de desenvolvimento da tecnologia. 
       A mundialização da questão ambiental teve início com a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente realizada em junho de 1972, em Estocolmo, movida pela degradação ambiental em todo o mundo (países desenvolvidos e periféricos) que se refletia em uma poluição industrial, exploração de recursos naturais, deterioração das condições ambientais e problemas sanitários, déficit de nutrição e aumento da mortalidade. Problemas como efeito estufa e aquecimento global, chuva ácida e aparecimento de buracos na camada de ozônio são efeitos do processo de industrialização e da vida urbano-industrial. O desmatamento e as diversas formas de poluição ambiental têm acelerado a destruição da diversidade biológica, sendo que 70% do que restou de toda a variedade de espécies de vida existentes no mundo concentram-se em apenas 12 países (Austrália, Brasil, China, Colômbia, Equador, Índia, Indonésia, Madagascar, Malásia, México, Peru e Zaire - atual República Democrática do Congo). 
       O Brasil é o 4º país contribuidor para o efeito estufa, seguido dos EUA, da Comunidade dos Estados Independentes (antiga URSS sem a Rússia) e China. Enquanto os três primeiros emitem elevados valores de CO² devido ao consumo de energia, o Brasil é o maior emissor de CO² proveniente da queimada de florestas. 
      Os problemas ambientais  mencionados são de caráter mundial, afetam todos os espaços da Terra e têm gerado uma crise ecológica onde  as atividades humanas têm grande responsabilidade nesse processo. Não há dúvida de que o modo de vida da maioria das  sociedades modernas, que estabelecem como meta o aumento da produção e do ritmo da produtividade, representa a causa fundamental. Essas questões mundiais só serão resolvidas com medidas efetivas tomadas em conjunto, entretanto, acordos entre países como os da 2ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO - 92), realizada no Rio de Janeiro, nem sempre são eficazes, devido aos inúmeros interesses econômicos e políticos  em jogo. 
     É reconhecido que o crescimento e desenvolvimento econômicos alteram os sistemas naturais, embora não se possa pôr em risco os sistemas naturais mais importantes como a atmosfera, água, solos e seres vivos. Um desafio atual, para as sociedades, constitui colocar em prática a noção surgida no final da década de 80 sobre desenvolvimento sustentável. 
     A Geomorfologia Ambiental tem como tema integrar as questões  sociais às análises da natureza. Deve incorporar em suas observações e análises as relações político-econômicas, importantes na determinação dos resultados dos processos e mudanças. Ainda, com as questões ambientais, a Geomorfologia valorizou, também, o enfoque ecológico, criando novas linhas de trabalho com caráter interdisciplinar.     "

 Fonte :  GUERRA, Antônio José  Teixeira; CUNHA, Sandra Baptista da . Geomorfologia e Meio Ambiente . Editora Bertrand Brasil . 5ª edição.  Rio de  Janeiro : 2004 .