Dragagem do Canal do Fundão : E a Manutenção da Limpeza Depois das Obras ?
Dragagem do Canal do Fundão : E a Manutenção da Limpeza Depois das Obras ?
Eu (Newton Almeida) passei pelo Canal do Fundão, dia 19 de abril de 2012, e aproveitei para registrar as fotos abaixo :
Eu retornava de uma gravação para o Canal Saúde, do Programa de Televisão da Fundação Oswaldo Cruz. Foi uma conversa com a apresentadora Marcela Morato sobre a preocupação com o possível aumento da escassez de água no mundo. Outra hora eu vou colocar o link do vídeo. Então, na volta eu pude observar o Canal do Fundão com mais calma.
O trabalho está muito bom. A limpeza das águas, a ausência de lixo flutuante, melhorou muito. A aparência é outra, não senti mal cheiro, e a impressão é de que a carga de poluentes por esgoto diminuiu. Os manguezais estão mais protegidos com as telas, e limpos, e também estão plantando mudas novas.
Muitos projetos semelhantes foram feitos, inclusive dentro do programa de Despoluição da Baía de Guanabara e após os recursos da obra acabarem, após a execução do projeto de revitalização, tudo volta a ficar sujo . O Governo do Estado e as prefeituras precisam manter rotinas de limpeza. A agência de bacia do Comitê da Baía de Guanabara tem algum plano ? Existe alguma agência de bacia do Comitê de Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara ? Ainda não ? Mas a Lei FEDERAL dos recursos hídricos, a 9433, foi promulgada em 1997, e a Lei ESTADUAL dos recursos hídricos, a 3239, foi publicada em 1999. Até hoje o Comitê de bacia da Baía de Guanabara ainda não tem agência de bacia ? Pára o mundo que eu quero descer !
Há uns três anos atrás a Rede Globo mostrou a quantidade de carcaças de barcos sucateados que estão fundeados na Baía de Guanabara. Imediatamente a Secretária de Estado, a Marilene Ramos deu entrevista de que seriam retirados. Num esforço emergencial a CICA ( sob comando do competente Major Sanglard, à época) conseguiu tirar algumas carcaças de barcos de madeira e tinha um plano para retirar as carcaças de metal, porém outro órgão público, responsável pela fiscalização do tráfego marítimo, teria burocratizado o tal plano, e tudo parou. As carcaças estão lá na Baía de Guanabara, colocando em risco o sistema de transporte das barcas Rio-Niterói, e petroleiros e cargueiros, etc.
Para limpar qualquer ambiente é necessário fazer cálculos, do tamanho do local, quantas pessoas são necessárias, quais equipamentos serão utilizados, e por vezes antes é contratada um empresa de consultoria para elaborar estudos e projetos, e a partir daí teremos a noção exata do custo anual para a manutenção do ambiente limpo. Estão calculando a manutenção do tratamento do esgoto, através da CEDAE, mas não da retirada do lixo flutuante que lá chega pelos inúmeros caminhos de rios e das águas da Baía de Guanabara. Apenas a ecobarreira da Maré não impedirá que a sujeirada retorne para o Canal do Fundão. A partir do projeto de manutenção da limpeza, que pode ser feito com simplicidade, com barcos e homens, ou seja, a limpeza braçal, facilmente apareceriam grandes empresas interessadas em patrocinar, pelo retorno da mídia. Investir na limpeza significa economizar na saúde. Manter o ambiente limpo significa investir em turismo, o nosso maior potencial de desenvolvimento / social para o futuro.
No site da SEA (Secretaria de Estado do Ambiente) o Programa de Revitalização do Canal do Fundão está bem detalhado, abaixo eu colei um trecho :
" Em maio de 2009, a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA) deu início a uma de suas mais importantes obras de recuperação ambiental do Estado do Rio de Janeiro: o Programa de Revitalização e Recuperação Ambiental do Canal do Fundão e do seu entorno. Os recursos para as obras, de R$ 320 milhões, são da Petrobras.
O programa compreende a despoluição e revitalização do Canal do Fundão – localizado entre a Ilha do Fundão e o continente, ao longo da Linha Vermelha – e do seu entorno, incluindo a reurbanização de uma área da Cidade Universitária. No processo de dragagem, serão no total retirados mais de 3 milhões de metros cúbicos de sedimentos ao longo de 7 km do Canal do Fundão, com o reforço dos pilares de sustentação de trecho da Linha Vermelha e das pontes Oswaldo Cruz e Brigadeiro Trompovski.
Como uma das etapas de urbanização da Vila Residencial da UFRJ, foi construída a primeira ponte estaiada do Estado do Rio de Janeiro, inaugurada em fevereiro de 2012, recebeu o nome de Ponte do Saber. Esta nova passagem liga a Ilha do Fundão à Linha Vermelha, sentido Zona Sul, na altura do Canal do Cunha, desafogando o trânsito, principalmente o de saída da Cidade Universitária. A ponte faz parte do plano diretor da UFRJ.
A Ponte do Saber, com vão livre de 180 metros, 96 metros de altura, na parte mais elevada, e 780 metros de extensão, recebe mais de 1.800 veículos no horário de pico na saída da Cidade Universitária. A SEA viabilizou o projeto em negociações com a Petrobras, que financiou os R$ 69 milhões da obra.
Na reurbanização das áreas no entorno do Canal do Fundão foi utilizada uma moderna tecnologia em que o material de sedimentos contaminados dragados é encapsulado em estruturas de geotêxtil. A água proveniente do processo retorna limpa à Baía de Guanabara. Chamadas de geotubes, essas estruturas funcionam como base para estabilizar o solo e permitir o seu aterramento. O projeto inclui o plantio de mais de 500 mil mudas e plantas, revitalizando cerca de 400 mil m² das áreas degradadas dos canais.
Até agora, já foram dragados 83% do total de 3,6 milhões de metros cúbicos do Canal do Fundão. A dragagem segue orientação do estudo feito pelo professor Paulo César Rosnan, da Coppe/UFRJ, possibilitando o aprofundamento do canal. "
Estou ao inteiro dispor de comentários, críticas e respostas dos órgãos competentes : eu também participo do espetáculo circense, portanto de modo algum quero ver o circo pegar fogo .
Por fim, meus parabéns ao Governo do Estado e à Secretaria de Estado do Ambiente pela revitalização do Canal do Fundão !