terça-feira, 22 de maio de 2012

Itaboraí / RJ : COMPERJ : Impactos Ambientais

         O COMPERJ em Itaboraí : Desenvolvimento Econômico x Impactos Ambientais   
    No domingo do Dia das Mães (13 de maio de 2012), durante um almoço em família, comentou-se de um conhecido nosso que estava muito feliz, pois começou a trabalhar no COMPERJ, como soldador e com salário de R$ 4.800,oo reais. Eu (Newton Almeida) moro em Rio Bonito, distante uns 30 quilômetros de Itaboraí e cada vez mais escuto comentários, entusiasmados, sobre o crescimento econômico da região, e também a  preocupação, pelo aumento populacional, da violência, enfim sobre os impactos do COMPERJ.  
 A cidade de Itaboraí recebeu um presente no ano de 2008  quando o ex-Presidente Lula decidiu que lá seria implantada a nova refinaria da Petrobrás, o COMPERJ (Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro).  As obras do COMPERJ foram iniciadas em 31 de março de 2008 com o Presidente Lula dando a partida na etapa de terraplanagem (nivelamento do terreno para construção) da área onde serão construídas as instalações industriais do projeto.
     O COMPERJ será formado por uma refinaria e unidades geradoras de produtos petroquímicos de 1ª geração como propeno, butadieno, benzeno, entre outros, e com uma capacidade de eteno da ordem de 1,3 milhão de toneladas/ano. Haverá também um conjunto de unidades de 2ª geração petroquímica com produção de estireno, etileno-glicol, polietilenos e polipropileno, entre outros. Além disso, haverá uma Central de Produção de Utilidades (CDPU), responsável pelo fornecimento de água, vapor e energia elétrica necessários para a operação de todo o Complexo.    
    Além da refinaria, empresas de 3ª geração, que poderão ser atraídas pelo COMPERJ e se instalar também nos municípios vizinhos e ao longo do Arco Metropolitano, que ligará Itaboraí ao Porto de Itaguaí, serão responsáveis por transformar esses produtos petroquímicos de 2ª geração em bens de consumo, tais como: componentes para as indústrias montadoras de automóveis, materiais cirúrgicos e linha branca como eletrodomésticos, dentre outros. 
   O COMPERJ ocupa área total de 45 milhões de quilômetros quadrados a previsão de início do seu funcionamento é no ano de 2014, e serão refinados por dia mais de 300 mil barris de petróleo. O COMPERJ está confinado entre os Rios Caceribu e Macacu, dois importantes afluentes da Baía de Guanabara.  Essa futura refinaria está bem próxima da Estação Ecológica da Guanabara e da Área de Proteção Ambiental de Guapimirim. Dentro das condicionantes para o licenciamento do COMPERJ está o reflorestamento de uma área de 4.500 hectares (1 ha = 10.000 m²), em torno de toda a refinaria, o que será o  maior reflorestamento já realizado no  Estado do Rio de Janeiro .  Veja abaixo a localização do COMPERJ  : 


 
(Foto acima trabalhadores do COMPERJ em greve, fevereiro 2012,  O Fluminense)
    Em qualquer local que se pensasse em instalar o COMPERJ, com certeza haveria polêmica relacionada aos impactos ambientais, já  que nosso estado é densamente povoado, população em torno de 16 milhões de habitantes, com território pequeno de quase 44 mil Km², cercado de morros e serras, rios, com lagoas, lagunas e manguezais no litoral. 
    Itaboraí é uma cidade que possui um tamanho significativo de  429 quilômetros quadrados, com baixos indicadores socioeconômicos, e isso teria sido uma das razões da escolha do COMPERJ em Itaboraí (abaixo a praça no centro de Itaboraí, Câmara Municipal). 






   A população de Itaboraí em 2010 era de 218 mil habitantes, distribuída nos seus  429 Km², vive com carência de saneamento básico, tendo que recorrer à abertura de poços para obter água. A coleta e tratamento de esgoto é insignificante em Itaboraí, que possui inúmeros loteamentos sem qualquer infra-estrutura. O Município situa-se na a baixada fluminense, portanto, é plano em praticamente toda sua área, apresentando área montanhosa apenas nas suas fronteiras sul (Maricá) e leste (Tanguá e Macacu) onde inicia a região serrana do Rio. Entre as planícies e as serras, observa-se um relevo suavemente ondulado, com morros que raramente ultrapassam os 50 metros.
   O COMPERJ trará inúmeros impactos ambientais para a região desde a possibilidade de chuva ácida até o impacto indireto do aumento populacional. Em qualquer local que se pensasse em instalar o COMPERJ, com certeza haveria polêmica relacionada aos impactos ambientais, já  que nosso estado é densamente povoado, população em torno de 16 milhões de habitantes, com território pequeno de quase 44 mil Km², cercado de morros e serras, rios, com lagoas, lagunas e manguezais no litoral. 
   Há três semanas atrás eu (Newton Almeida) fotografei os prédios que estão sendo erguidos na Avenida 22 de Maio, a principal rua da cidade de Itaboraí, que une Manilha a Venda das Pedras. 

 
    Estão sendo construídos novos prédios, tanto comerciais como residenciais, e inúmeras casas com financiamento pela Caixa Econômica Federal. A área territorial do município tem capacidade para alojar uma população de 1 milhão de habitantes, mas e o desafio de levar saneamento básico para toda essa gente ? E o desafio de fornecer segurança pública e escolas públicas com qualidade ? 
   A implantação do  COMPERJ vem sendo discutida há muito tempo e as ações práticas não tem avançado. Os impactos ambientais em  decorrência do adensamento serão os mais sentidos.
   Os sistemas de transportes em Itaboraí são as kombis e ônibus. Dentro da cidade a população encontra atendimento razoável, mas para o deslocamento aos municípios vizinhos, o  desconforto é grande, com ônibus lotados e passagem cara. O problema maior é que o trânsito vem congestionando a cada dia.



 
    Em Manilha (fotos abaixo,  Newton Almeida, fevereiro, 2012) existem dois pontos de ônibus um em cada lado da BR 101, estrangulando o trânsito. Isso poderia ser solucionado, levando as linhas de ônibus para a rodoviária bem ao lado, dando maior conforto também aos usuários.   
  <a href="http://limpezariomeriti.blogspot.com">MEIO AMBIENTE do RIO de JANEIRO – Newton Almeida </a>
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   A Prefeitura implantou um aterro sanitário de lixo, nos arredores de Manilha, o que merece elogios, mas a população não queria aceitar e ocorreram manifestações públicas, pois o aterro tem previsão de receber o lixo de outros municípios vizinhos. De qualquer maneira, o Prefeito Sérgio Soares conseguiu avançar no destino final de lixo, com aterro sanitário de gestão privada,    o que deverá manter a constante qualidade, independente da Prefeitura  de Itaboraí. Esse aterro sanitário é fruto do Programa Estadual /RJ LIXÃO ZERO,  que pretende erradicar todos os lixões do estado do Rio de Janeiro até 2014 (Copa do Mundo). 
   Se, felizmente, observando o destino final do lixo coletado podemos comemorar,  porém  não há qualquer projeto de coleta seletiva de lixo na cidade. Em agosto de 2011 foi divulgado o início da coleta seletiva nas escolas municipais, em parceria com a ONG Guardiões do Mar, mas nunca mais se falou a esse respeito. No quesito reciclagem a  situação é de retrocesso, pois em Marambaia, divisa com São Gonçalo, algumas pequenas empresas que efetivamente reciclavam os resíduos fecharam as portas, devido à falta generalizada de apoio à cadeia produtiva da reciclagem, seja do governo estadual ou municipal. Quanto mais distante as empresas de reciclagem estiverem, o preço dos recicláveis tende a cair, pois o custo do transporte aumenta. 
           Segundo o Plano de Saneamento Básico de Itaboraí/RJ (2010) : 
  "   O serviço público de água e esgoto de Itaboraí é competência do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) de Itaboraí/RJ, autarquia criada pela Lei Municipal 1.896/04. A prestação do serviço, contudo, é feita tanto pelo SAAE quanto pela Companhia de Água e Esgoto do Rio de Janeiro – CEDAE, esta última de forma precária tendo em vista que não há contrato de concessãoDesta forma, apesar da área de atendimento do sistema da CEDAE ser maior que 50% da área urbana do município, o atendimento regular em Itaboraí é em apenas 25% dos domicílios. No resto da área o atendimento é intermitente ou eventual....  O sistema de coleta de esgotos praticamente inexiste, tendo sido implantado na Reta Velha e parte do Distrito de Itambi, sob a responsabilidade do SAAE, contudo, a maioria da rede coletora está assoreada e as ETEs (estações de tratamento de esgoto existentes) estão desativadas. No resto do município a solução é a ligação  no sistema de águas pluviais (comum no Centro), fossas e/ou lançamento direto na rua.         "  
    As fontes poluidoras das indústrias tendem a representar menor risco do que os impactos ambientais do crescimento populacional, devido ao arranjo  institucional do INEA (Instituto Estadual do Ambiente) que descentralizou o licenciamento ambiental para as prefeituras, com o treinamento e estruturação, o que melhorou significativamente a fiscalização das obrigações das empresas no respeito a legislação ambiental.  
     O cenário dos impactos frente ao iminente adensamento urbano de Itaboraí são : aumento do congestionamento no trânsito das principais vias de acesso à cidade, poluição sonora e do ar, aumento do assoreamento dos rios, a poluição dos rios e canais com lixo e esgotos domésticos, sistema de transporte público precário, insuficiente paisagismo e limpeza dos logradouros públicos.  
   Portanto o desenvolvimento econômico gerará significativos impactos ambientais, a menos que o  Governo do Estado/RJ auxilie a Prefeitura de Itaboraí, da maneira com que fez em relação ao destino final de lixo, e expanda imediatamente a coleta e tratamento  de esgoto, bem como viabilize a estruturação da logística reversa, a partir da organização das redes setoriais de coleta seletiva e implantação de cooperativas de reciclagem de lixo, e não apenas cooperativas de catadores. 

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